Dissertações e Teses em Andamento
Ana Paula Soares - Doutorado em Ambiente e Sociedade
Segurança Socioambiental no Brasil: governança e iniciativas de coprodução na construção do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo contribuir para o melhor entendimento da governança da Segurança Socioambiental no Brasil, por meio da análise da construção do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), com foco nas iniciativas de coprodução desenvolvidas pelos atores envolvidos. Pretende-se assim subsidiar a estruturação de arranjos institucionais que possibilitem uma efetiva participação e envolvimento da sociedade nas respostas de adaptação às mudanças climáticas. Tendo como objeto o processo que resultou no PNA, o presente estudo de caso utiliza métodos quantitativos e qualitativos para identificar iniciativas de coprodução nas diversas etapas da elaboração do Plano. Após a análise documental e histórica de documentos públicos sobre políticas que se relacionam com a adaptação às mudanças climáticas, serão realizadas entrevistas com informantes-chaves ligados ao PNA para o levantamento de informações detalhadas sobre as atividades e a participação dos atores. Com a conclusão do trabalho, espera-se: i) contribuir para o aprimoramento da interface da comunidade científica com os tomadores de decisão e os formuladores de políticas de adaptação; ii) contribuir para aprofundar o entendimento do processo de elaboração de estratégias e políticas de gestão e redução da vulnerabilidade e do risco climático no Brasil; e iii) contribuir para diminuir as barreiras que dificultam o exercício da transdisciplinaridade e da construção coletiva do conhecimento, no amplo e complexo contexto da transição para a sustentabilidade.
Edson Pereira de Souza Leão Neto - Doutorado em Ambiente e Sociedade
Ivan Illich e Elionor Ostrom, uma análise comparada: o conceito vernáculo e a abordagem dos commons
Resumo
O termo commons alcançou notoriedade na cultura científica após o artigo de Garrett Hardin The Tragedy of the commons (1968). Grosso modo, o ecologista estadunidense apresentou uma tese baseada na ideia de que o livre acesso aos recursos tidos como commons levaria a um colapso ambiental. Passados vinte e dois anos, Elionor Ostrom publicou um trabalho que desafiou a tese de Hardin e delimitou uma direção diferente sobre essa questão: Governing theCommons: The Evolution of Institutions for Collective Action(1990). O polímata Ivan Illich foi contemporâneo dos fenômenos supracitados. Desenvolveu trabalhos importantes em torno da crítica profunda e radical das instituições modernas – Tools for Conviviality (1973) e Medical Nemesis(1976), por exemplo — onde formulou interessantes ideias, que posteriormente apoiaram os chamados ecologistas políticos franceses. Responsável pela reanimação do termo vernáculo, o autor produziu, à sua maneira, um pensamento original sobre os commons. Pretende-se com este trabalho trazer a lume a evolução do conceito vernáculo na obra de Ivan Illich e sua relação com o termo commons. Para tanto, propõe-se uma leitura comparada das obras de Ivan Illich e Elionor Ostrom marcadas pela análise dos commons. Espera-se que a partir das correspondências e diferenças, que emergirão do processo comparativo, seja possível constituir uma ferramenta analítica capaz de auxiliar os trabalhos interdisciplinares com temáticas ambientais.
Felipe Bertoluci - Mestrado em Sociologia
O consumo sustentável como alternativa(s) de enfrentamento à crise ambiental- proposta de um estudo exploratório
Resumo
A questão ambiental, definida em termos das mudanças climáticas e ambientais globais, constitui um dos grandes temas de debate e reflexão de nossa contemporaneidade. Desde meados da década de 1960, ela se consolidou como um campo de embates em torno de posições e atores sociais bastante heterogêneos e cada vez mais numerosos, para enfim abarcar virtualmente a “humanidade como um todo”. Nesse contexto, a noção de desenvolvimento sustentável, com destaque para sua definição hegemônica no âmbito do relatório Brundtland (1987), emerge como uma das ideias-chave presentes no esforço de compreensão e enfrentamento do problema. O presente projeto de pesquisa insere-se neste campo de reflexão e debate, tendo como foco a análise das práticas de consumo ambientalmente orientadas, que aqui são mobilizadas a partir do termo consumo sustentável. Com o processo de alargamento e consolidação da problemática climática e ambiental, o consumidor passa a ser considerado peça fundamental para a concretização de mudanças em direção à sustentabilidade. Nosso estudo propõe, então, abordar a maneira como são construídos socialmente e integrados projetos reflexivos, estilos de vida (lifestyles) (Giddens, 1991a, 1991b) e práticas sociais (Cf. Reckwitz, 2002) de consumo cuja preocupação ambiental apareça como elemento de primeira grandeza. Serão realizados questionários semi-estruturados e grupos focais dentre a comunidade universitária discente da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) como forma de aproximação metodológica ao problema de pesquisa assim colocado. Desta forma, pretendemos aprofundar a compreensão acerca das propostas de sustentabilidade em disputa, em suas articulações com o âmbito do consumo.
Jaqueline Nicchi- Doutorado em Ambiente e Sociedade
Mobilidade urbana sustentável em cidades inteligentes: um desafio na era do Antropoceno
Resumo
A pesquisa avalia a institucionalização da mobilidade urbana e das tecnologias de informação e comunicação (TICs) como processo de adaptação às mudanças climáticas a partir do desenho institucional e de governança. Como variáveis, serão testadas três teses de Beck (2011): a) se há uma elitização do discurso pelos peritos, que deixa fora outras vozes relevantes b) apontar transformações institucionais necessárias e c) sugerir mudanças na política ambiental em âmbito local, tentando equilibrar a ambivalência (hierárquica e democrática) da mudança climática. A hipótese é que o uso de tecnologias de mobilidade sustentável só é efetiva se as condições socioinstitucionais estiverem integradas a uma governança participativa. Uma segunda hipótese é de que são os pequenos grupos, e menos os tomadores de decisão governamentais, que influenciam políticas públicas de transporte sustentável. O estudo de caso se concentrará no município de São Paulo. As hipóteses serão testadas a partir de entrevistas com representantes de instituições públicas e privadas deste tipo de iniciativa e examinadas pela Análise de Discurso (AD) e pelo software Nvivo9 para triangulação. Como resultado, pretende-se identificar novas forças sociais que influenciam a gestão ambiental e se o uso das TICs pode ser uma alternativa à demanda social por um transporte sustentável.
Jefferson dos Santos Estevo - Doutorado em Ciências Sociais
A Política externa chinesa e brasileira nas negociações climáticas
Resumo
A tese analisa as políticas externas de Brasil e China no âmbito das negociações internacionais sobre mudanças climáticas. O recorte histórico é no período entre 2009 (COP-15) e 2017 (COP-21), após os acordos de Copenhague e Paris. O estudo visa o entendimento da formulação das políticas exteriores de ambos os países, indicando os fatores domésticos e internacionais. Os fatores domésticos influenciam na tomada de decisão dos países nas negociações internacionais. A política externa é uma política pública, com participação de diversos setores nacionais em sua formulação. No que tange política externa climática, Brasil e China reavaliaram seus posicionamentos defensivos após 2009, a participação de diferentes atores na formulação, antes centralizada, indica a mudança de política exterior. A busca por maior participação no Sistema Internacional, influi no posicionamento e participação em diferentes organizações e negociações internacionais. Os riscos advindos das mudanças climáticas já estão em curso no Brasil e na China, com agravamento no futuro próximo. Os dois países são protagonistas nas negociações internacionais, a análise de ambas as políticas exteriores, apontando os fatores domésticos e internacionais, é o centro da nossa tese.
Liu Si - Doutorado em Ciências Sociais
Análise do comportamento pró ambiental no nível local (as políticas ambientais sobre a poluição atmosférica em Pequim/China: 2007-2018)
Resumo
Nas duas últimas décadas do século XX, a questão ambiental assumiu o status de um problema global. Os efeitos colaterais da produção industrial são caracterizados como resultado de uma profunda crise institucional da sociedade industrial como um todo. Por outro lado, a capacidade de um país para resistir a impactos relacionados às mudanças climáticas é sistematicamente dependente do nível de renda do mesmo país. Nesse cenário, o dilema de priorizar preocupações ambientais ou desenvolvimento econômico é o maior desafio dos países emergentes. Com a urbanização, o governo local desempenha um papel maior na resposta aos riscos das mudanças climáticas. Um dos riscos que mais afetam as megaciudades como Pequim é a poluição do ar. Tomando como exemplo a metrópole de Pequim, analisarei os problemas de poluição do ar e as políticas adotadas. Inspirado na pesquisa conduzida na Grã-Bretanha pelo Ministério do Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (Defra) em 2008, que dividiu o público em sete grupos em termos de reconhecimento da ameaça das mudanças climáticas e de sua vontade de reagir a ela na vida diária, vou fazer uma pesquisa semelhante para as pessoas locais dessas duas metrópoles. Esta pesquisa tem 4 partes principais: 1. Poluição do ar e suas causas em Pequim; 2. Políticas ambientais sobre a governança da poluição do ar em Pequim; 3. Comportamentos pró-ambientais em relação às políticas ambientais locais, incluindo 1) Percepção do risco de poluição do ar das pessoas locais, 2) Atitude e comportamento sob políticas ambientais; 3. Análise do resultado, incluindo: 1) A eficácia das políticas ambientais locais, 2) A divisão das pessoas locais em relação aos comportamentos ambientais, 3) As origens dos comportamentos ambientais.
Luis Fernando Freitas Penteado - Doutorado em Ambiente e Sociedade
Segurança Alimentar no Brasil à luz do Princípio do Desenvolvimento Sustentável: implicações da Política Nacional de Meio (Lei Federal n. 6.938, de 31 de agosto de 1998)
Resumo
O presente projeto de pesquisa tem por intuito desenvolver metodologia que possa orientar as futuras iniciativas dos diversos setores do Poder Público, no estabelecimento de suas Políticas Públicas de Segurança Alimentar em consonância com as determinações ditadas pelas normas jurídicas nacionais que tratam sobre o atendimento do Princípio do Desenvolvimento Sustentável, particularmente, àquelas que estabelecem as regras gerais de preservação da qualidade ambiental no Brasil. Para tanto, buscar-se-á situar as diretrizes trazidas pela Política Nacional de Segurança Alimentar (Lei Federal n. 11.346, de 15 de setembro de 2006), com os institutos jurídicos de proteção ao meio ambiente estabelecidos pela Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal n. 6.938, de 31 de agosto de 1981). Ao final, serão apresentadas orientações de cunho prático que possam direcionar os vários órgãos do Poder Público no estabelecimento de ações, programas e atividades que efetivamente incorporem as garantias de Segurança Alimentar e de Meio Ambiente.
Mariana Delgado Barbieri - Doutorado em Ambiente e Sociedade
Estado, sociedade civil e questão ambiental na China contemporânea
Resumo
A presente pesquisa busca contextualizar a problemática ambiental chinesa e a atuação da sociedade civil nessa temática. O Estado, precursor na política ambiental, incapaz de atuar isoladamente perante as mudanças climáticas, recebe auxílio de outras esferas sociais, como a Sociedade Civil, que passa a se organizar em ONGs a partir da década de 1990. Propomos a compreensão de que a China vivencia um ambientalismo autoritário ao longo dos anos 90, mas começa a efetivar uma transição rumo ao ambientalismo democrático nos anos 2000. Em virtude da complexidade das mudanças climáticas e da questão ambiental, propomos a necessidade de uma governança multiatores, na qual haja a atuação de diversas esferas sociais frente à criação de políticas públicas, de mitigação, adaptação e redução dos impactos e vulnerabilidades, possível a partir da possibilidade de participação pública das ONGs e cidadãos.
Vagner Charles - Doutorado em Ambiente e Sociedade
Percepções locais das mudanças climáticas e suas consequências socioambientais no Haiti
Resumo
A existência da mudança climática faz consenso na comunidade científica. Apesar da importância da temática, o nível de conhecimento e compreensão do fenômeno permanece parcial e muito desigual de acordo com os contextos geoclimáticos e socioculturais. Este trabalho estabelece um diagnóstico da percepção das mudanças climáticas e suas consequências no Haiti. É o país mais vulnerável às alterações climáticas, menos desenvolvido na América Latina e região do Caribe e, com maior número de mortes por catástrofes naturais. Enquanto para alguns a questão ambiental é prioridade, para outros é apenas um problema como outro. Outros ainda creiam num « Deus Bom »que os protegem dos desastres naturais. Assim, Haiti corresponde aos critérios desejados. Este estudo tem como objetivo compreender os fatores explicativos para o fato de que a questão ambiental não seja percebida como uma prioridade, apesar do histórico dos impactos ambientais no Haiti. Será também analisado às consequências das mudanças climáticas « problema clima » sobre as condições de vida no Haiti. A fim de recolher os dados, será utilizado um método misto (Mixed Methods). Os principais resultados contribuirão para o debate sobre as mudanças climáticas.
Dissertações e Teses defendidas
Roberto Donato da Silva Junior
Marília D'Ottaviano Giesbrecht
Ascher Grochwalski Brum Pereira
Fábio Bacchiegga
Victor Uehara Kanashiro
Fabiana Barbi
Izidro Justino Muhale
Estevão Mota Gomes Ribas Lima Bosco
Alberto Matenhauer Urbinatti
Marília D'Ottaviano Giesbrecht
Ulrich Beck. A teoria da Sociedade de risco mundial (Dissertação - Mestrado em Sociologia)
Estevão Mota Gomes Ribas Lima Bosco